Cidadania ou Indiferença...

Eu eleitora e eu candidata… a confrontação

E eis que nos últimos dias tenho experimentado a sensação de fazer campanha eleitoral. Enquanto eleitora, detesto as abordagens oportunistas… E recorro à memória. Vivia eu em Odivelas (ainda não era concelho, era uma freguesia do concelho de Loures) quando nos anos 80 aconteceram umas das eleições autárquicas. A Câmara de Loures era Comunista e era candidato à Câmara pelo PSD um homem que sempre admirei (e admiro) muito: Pacheco Pereira. Pacheco Pereira tinha sido meu professor no ISCTE. Professor brilhante que não esqueci. E,naquela manhã de sábado, por acaso, encontro-o na minha rua. Dirigi-me a ele e cumprimentei-o: “Olá, Sr. Professor!” E eis que o Sr. Professor, aproveitou a minha investida e , não fazendo a mínima ideia quem eu era, realizou um belo Comício, ali mesmo à porta do café da minha rua. Este episódio da minha vida está sempre muito presente em períodos eleitorais e agora, ainda mais … Portanto, eu eleitora e eu candidata … eu. Não gosto de abordagens fictícias, não gosto mesmo….

Sabia que ....

IREMOS A MAOMET!

IREMOS A MAOMET!

Nas eleições autárquicas de 2009,  a abstenção no concelho de Silves  foi de 43%. Significa que dos 29886 inscritos nos cadernos eleitorais apenas se pronunciaram 17100.

Uma prática de cidadania activa exige que façamos a leitura  do significado dos  12786 que não quiseram pronunciar-se. E não quiseram porquê? Porque é que não estão mobilizados para o acto eleitoral?

São os números da abstenção que devem preocupar aqueles que se propõe ser eleitos para a Assembleia Municipal. Como se pode exercer a cidadania activa se quase metade da população não se pronuncia. Sendo a Assembleia Municipal o lugar da prática da Cidadania como trazer os cidadãos à participação.

Esta espécie de desinteresse, de apatia, de indiferença significa o quê?

É claro que estamos todos preocupados porque cada vez “sobram mais dias do fim do dinheiro”. Estamos todos preocupados porque não sabemos até quando teremos emprego, não sabemos até quando teremos capacidade para não ser utilizadores do Banco Alimentar … Estamos preocupados porque o Governo, a Câmara, a Junta de Freguesia não cuidam do interesse público como achamos que deve ser tomado… “Eles” são todos iguais.

Estamos indiferentes ? Não,  não estamos indiferentes. Estamos é cansados das horas que passamos nas filas da Segurança Social, do Instituto de Emprego, da Centro de Saúde … e da Escola dos nossos filhos nem falamos. Estamos cansados porque o pagamento da prestação da casa está atrasado, porque as  contas da água e da luz não param de crescer, porque ir ao supermercado é uma travessia … mais dinheiro e menos sacos de compras.

  Como é que nestas circunstâncias alguém pode estar interessado na politica autárquica? Como fazer? Como fazer para trazer ao debate aqueles que teimam em achar que não há nada a fazer e se afastam?

Diz o Povo que “ se Maomet não vai à montanha, vai a Montanha a Maomet!”

Não é, certamente, o momento oportuno para alguém aderir e se envolver activamente num projecto político-partidário. A imagem pública dos partidos, da política e dos políticos incentiva os cidadãos ao afastamento destas lides.

Contudo, o momento histórico que estamos a viver, marcado em Silves, no Algarve, em Portugal e em muitos outros países, por uma crise global profunda e persistente, que acentua os problemas económicos e sociais, exige o envolvimento de todos para que, colectivamente, possamos encontrar respostas. E as melhores respostas só poderão ser encontradas com a participação de cada um e de todos nós. Acreditamos que só com a participação colectiva, com o pleno exercício da cidadania é que será possível encontrar soluções, e , por isso, aceitámos este desafio de tornar a Assembleia Municipal o lugar do exercício pleno da cidadania activa.

Sabemos que não será fácil. Cada um de nós está habituado a que “alguém” resolva os nossos problemas e a ficar como observador na sua zona de conforto. Esta não é a hora de ficar como observador daquilo que “eles” fazem mal ou daquilo que “eles” não sabem fazer ou ainda daquilo que “eles” não se preocupam em fazer. No momento grave que atravessamos é preciso o empenho e a dedicação de todos, porque ninguém poderá esperar que “eles” resolvam os nossos problemas, sob pena de, mais cedo ou mais tarde, todos nós sermos responsabilizados por aquilo que poderíamos ter feito e  não fizemos ou deixámos que outros fizessem.

É hora de participar, de contribuir, de construir.

Queremos com esta candidatura centrar a intervenção no exercício da cidadania e da ética. O que propomos é: fazer bem, fazer cada vez melhor e construirmos todos.

Diz o povo que “cada cabeça sua sentença”, mas também diz que “duas cabeças pensam melhor do que uma” … Nesta hora de grandes dificuldades somos todos convocados para a Mudança, e a Mudança tem de começar em cada um de nós.

Não poderia terminar sem deixar uma palavra de amizade a todos aqueles que se envolvem e acreditam que ainda é possível fazer bem e fazer cada vez melhor.

É obrigatório que neste momento dirija um agradecimento especial a algumas pessoas que contribuíram, cada um à sua maneira, para que eu tivesse saído da minha zona de conforto: ao Mário Vieira da Silva que para além de meu tio é o Presidente da Assembleia Municipal de Monforte, ao João Ferreira amigo e uma referência no PS de Silves, à Gabriela Martins e ao Padre Augusto Cima amigos que, em diferentes momentos da minha vida, sempre me ajudaram a equacionar para agir.  À Ana Passos que me envolveu nestas lides através do Departamento Federativo das Mulheres Socialistas do Algarve e, finalmente, e porque os últimos são os primeiros, uma palavra muito especial ao Francisco, ao João, ao Tiago e ao Diogo Matos que, todos os dias me provam que não há impossíveis, e farão este caminho comigo.

Tomei em mãos um novo desafio... De observadora e comentadora aceitei o desafio de fazer alguma coisa.
Serei cabeça de lista à Assembleia Municipal de Silves na lista do PS.
Acredito firmemente na PARTICIPAÇAO DE TODOS para encontrar melhor resolução para OS PROBLEMAS DE TODOS.
Palavras que considero fundamentais: Ética e Cidadania.
Prática que considero determinante: PARTICIPAÇÃO, ENVOLVIMENTO, RESPONSABILIDADE.
É este o nosso desafio...

Sou mãe (adoptiva) de dois fabulosos rapazes.
Sobre a adopção poderei vir a fazer aqui alguns comentários mas o pontapé de saída é este comentário que o meu filho mais velho deixou no facebook.
Eles foram e são a minha grande oportunidade de ser uma pessoa completa, eles foram a minha oportunidade para aprender que há outros quereres...
Aqui ficará o comentário do meu filho mais velho:

"Adopção

Nunca tive medo de ouvir esta palavra, mas sempre receei, e só hoje passado 19 anos, 9 na Madeira, 10 em Portugal é que percebo que não tinha nada que recear, ter medo, ou nem querer saber disso.
Hoje passados 10 anos percebo que não existem pais biólogicos ou adoptivos, existem PAIS, que nos amam com o coração, PAIS que tem preocupação por nós, PAIS que são capazes de abdicar de muitas coisas em prol dos filhos.
Já tive decepçoes, já decepcionei pessoas, já perdi confianças e já fiz com que perdessem essa confiança em mim, mas sempre tive um apoio....
Francisco Matos, Fátima Ramos Matos e Diogo Matos.
A verdade é que sou humano e sei que com tudo o que fiz, não perdi, sempre ganhei, nem que fosse preciso perder para perceber a vitória que tive, para entender como havia de fazer, esta é a MINHA filosofia e nunca a vou perder.
Nunca vou desistir dos meus sonhos, e este, é simplesmente, conseguir ganhar a vida, criar uma familia e educar meus filhos com amor e respeito.
Nunca se esqueçam voces dependem de vós próprios e de mais ninguem, és tu que escolhes o que queres da vida, a moral que queres ter....
Por fim, quero agradecer as pessoas que tornaram possível estar aqui hoje e a esta hora a escrever este texto que são aquelas que sempre me acompanharam e me acompanham, e sempre me irão ajudar com todo o seu amor nos meus objetivos. PAI, MÃE, MANO. <333"
Obrigada meu filho.